sábado, 28 de março de 2015

Pedindo Pra Sair?

O ministro da fazenda, Joaquim Levy, em notícia veiculada na Folha de São Paulo, disse em evento fechado na escola de negócios da Universidade de Chicago (onde obteve seu PhD) que, apesar de "haver um desejo genuíno da presidente em acertar" na condução da economia, ela, "às vezes", não age "da maneira mais fácil e efetiva". Em bom português, o que Levy disse é que a presidente não manja nada de economia. 

A declaração é de tal sorte ruim - do ponto de vista do Planalto - o que, de resto, só contribui para aumentar o isolamento politico da presidente, que me leva a suspeitar que o ministro esteja cogitando pedir o chapéu. Já já digo porque acho isso.

Não é a primeira vez que o ministro critica, publicamente, medidas tomadas na gestão anterior da presidente e nem é a primeira vez que leva um pito público por causa disso - o que certamente irá ocorrer, novamente, dessa feita. Em outra ocasião, Joaquim Levy também já deixou claro que, sem o pacote fiscal, que ainda depende ser aprovado no congresso, pede pra sair do governo, o que seria economicamente desastroso para o país. O busílis é que Renan Calheiros, presidente do senado, declarou a empresários no dia 24 deste mês que, do jeito que está, o pacote não passa.

Não creio que Joaquim Levy seja idiota - a bem da verdade o reputo com um homem bastante inteligente - logo também não creio que ele não soubesse o peso do que estava dizendo ou que achasse haver qualquer possibilidade de as suas declarações não vazarem para a imprensa. O que significa que ele disse o que disse sabendo muito bem o que falava e que tinha plena consciência de que chegaria aos ouvidos da presidente, inclusive através da imprensa, o que é pior - já que uma coisa é tecer críticas reservadas à presidente, no mano a mano, outra é fazer a mesma coisa em público, a uma platéia qualificada e que certamente vazaria, depois, para o público em geral.

O que me leva a perguntar: por quê? É certo que Levy é um técnico, não um político, mas não creio que seja pré-requisito ser do ramo para "juntar lé com cré" e chegar à incrível conclusão de que não se deve criticar seu chefe em público.

Juntando os dois parágrafos anteriores, começo a suspeitar que o ministro, pressentindo que seu pacote fiscal poderá ser esquartejado no congresso, podendo até mesmo perder sua fisionomia enquanto tal, esteja querendo "cavar" uma demissão, criar um clima tal de desagrado entre ele e a presidente, de modo a justificar, mais a frente, seu pedido de demissão do cargo sem passar a imagem de que "amarelou" ou de que abandonou o barco afundando, tal como um Schettino.

A ver os próximos movimentos.

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